Itaú Unibanco e o Desafio do Home Office: Lições para o Novo Normal
Recentemente, o Itaú Unibanco enfrentou uma situação delicada no ambiente corporativo. Centenas de funcionários foram desligados, num episódio que gerou grande repercussão sobre a forma de avaliar a produtividade no trabalho remoto. Segundo informações veiculadas por diversas fontes, as demissões ocorreram por questionada “baixa produtividade” durante o home office. Ainda existem divergências quanto à quantidade exata de colaboradores afetados, havendo relatos que mencionam números que ultrapassam a marca de mil funcionários. Esse cenário, além de ser motivo de polêmica, levanta importantes questões sobre a forma de conduzir o trabalho remoto e híbrido nos dias atuais.
Motivos das Demissões e Monitoramento no Home Office
De acordo com o banco, os desligamentos ocorreram após uma “revisão criteriosa de condutas relacionadas ao trabalho remoto e registro da jornada”. Para monitorar o desempenho, o Itaú utilizava softwares que registravam uma série de ações dos colaboradores, como a memória em uso, quantidade de cliques, abertura de abas e demais atividades realizadas no computador. Essa metodologia, que tenta mensurar a produtividade por meio de métricas digitais, tem gerado diversas críticas.
O Sindicato dos Bancários, por exemplo, destacou que a demissão ocorreu “sem feedback prévio nem diálogo” com os trabalhadores. Esse comentário evidencia a complexidade da situação e a necessidade de repensar como são feitas as avaliações no regime remoto, sem desconsiderar o fator humano e os desafios inerentes à autogestão e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Medição de Produtividade: O Que Realmente Importa?
Em se tratando de trabalho remoto, medir a produtividade dos colaboradores vai muito além do simples registro de cliques ou abas abertas. Especialistas em gestão de pessoas e recursos humanos afirmam que outros parâmetros devem ser considerados para uma avaliação justa e eficaz. Marcella Moura, sócia da Acerta Consultoria, destaca que prazos de entregas, indicadores-chave de desempenho (KPIs) e processos mensuráveis são fundamentos mais sólidos para aferir o rendimento de um colaborador.
Ela explica que “o funcionário que trabalha 12 horas por dia, permanecendo além do horário estipulado, nem sempre é o mais produtivo”. Assim, concentrar a análise em métricas que reflitam o resultado final e a qualidade do trabalho pode evitar conclusões equivocadas e demissões precipitadas.
A Importância das Pausas e do Bem-Estar
Tanto o trabalho presencial quanto o remoto possuem dinâmicas que incluem momentos de pausa e descontração. No ambiente tradicional, interações como o café, conversas informais e almoços prolongados ajudam a recarregar as energias dos colaboradores. No home office, essas pausas podem assumir outra forma, como uma caminhada, um momento para se desconectar ou mesmo resolver imprevistos relacionados à conexão à internet ou ao equipamento utilizado.
Mônica Ramos, Executiva Sênior de RH na MRPeople Consultoria, ressalta que o monitoramento rigoroso pode causar estresse e ansiedade, prejudicando tanto a saúde física quanto a mental do profissional. Para ela, uma gestão que combine flexibilidade e objetivos claros é essencial para manter um ambiente saudável e produtivo.
Estratégias para um Trabalho Remoto Eficaz
Para que o trabalho remoto seja bem-sucedido, empresas e colaboradores precisam se adaptar e adotar práticas que favoreçam a produtividade sem sacrificar o bem-estar. Entre as recomendações dos especialistas, destacam-se:
• Objetivos claros e metas bem definidas;
• Prazos realistas e acompanhamento de entregas;
• Critérios de avaliação que priorizem a qualidade das tarefas;
• Políticas de flexibilidade que reconheçam as particularidades do trabalho remoto;
• Uso de ferramentas que facilitem o alinhamento e a comunicação entre equipes.
Autogestão e a Responsabilidade do Colaborador
Além das práticas adotadas pela empresa, os funcionários também têm um papel importante no equilíbrio e na organização de suas rotinas. Marcella Moura ressalta que a autogestão é crucial para evitar a dispersão e manter o foco nas atividades. Nem todos se sentem à vontade no ambiente remoto ou híbrido, o que torna a disciplina pessoal uma habilidade ainda mais relevante nesse novo contexto de trabalho.
Conclusão
O episódio ocorridos no Itaú Unibanco reforça a importância de repensar as métricas de avaliação e a forma de conduzir o trabalho remoto. Em um cenário onde o equilíbrio entre resultados e bem-estar deve ser prioridade, tanto empresas quanto colaboradores precisam estar atentos às melhores práticas de gestão, comunicação e autodesenvolvimento. Somente assim será possível transformar desafios em oportunidades e construir um ambiente de trabalho que favoreça o crescimento profissional e a satisfação pessoal.